A pouco mais de duas semanas do arranque formal das aulas, quais são as expetativas dos professores para o novo ano letivo?

Depois do fecho generalizado das escolas e dos novos paradigmas do ensino à distância impostos pelo confinamento, qual é o sentir dos professores para o novo ano letivo? Estão asseguradas as condições de saúde pública, de infraestruturas técnicas e pedagógicas e de know-how técnico que permitam ensinar e aprender em segurança? A propósito do 2.º Flash Event “Escola 20|21… e agora?” promovido pelo #SomosSolução, relativo ao novo ano letivo, lançamos um questionário curto aos professores cujos resultados, agora, aqui se descrevem.

1. Na sua opinião, à data de início do ano letivo

Na opinião de mais de 80% dos dois milhares de professores inquiridos, à presente data (setembro de 2020), as escolas não têm as infraestruturas e recursos humanos necessários para assegurar o ensino 100% presencial. Dois em cada três professores é de opinião que não estão asseguradas as condições necessárias para o ensino presencial (ver figura 1). Também na opinião de dois terços dos inquiridos as escolas não têm as infraestruturas para o ensino à distância. E ainda que apenas um em cada quatro acredite que os professores estão capacitados para o ensino à distância, um formato misto (ensino presencial + à distância) é a modalidade preferida pela maioria. Também 90% dos professores é de opinião de que se for necessário reativar o ensino à distância, é preciso apostas na formação adicional dos professores.

Figura 1. Na sua opinião…

2. Se a decisão fosse sua…

Se a decisão fosse dos professores, face à informação disponível agora sobre a evolução da covid19, no ano letivo de 2020/2021, cerca de dois terços dos professores preferia dar aulas em formato misto ou, sendo presenciais, com recurso às ferramentas do ensino à distância (p.e., plataformas de gestão de conteúdos, avaliação digital, apps educacionais,…) (ver figura 2). Metade dos inquiridos preferia dar aulas presenciais, e apenas 38% preferia aulas completamente à distância. Contudo, 87% dos professores diz que quer dar aulas, sejam de que tipo forem.

Figura 2. Se a decisão fosse dos professores….

3. Em que medida se sente capacitado…

Finalmente, inquirimos os professores sobre o seu grau de capacitação para usar as ferramentas do ensino à distância caso esta modalidade tivesse que ser reintroduzida. Mais de dois terços dos professores sente-se capacitado para usar ferramentas de comunicação online (email, fóruns, chats,…), usar ferramentas para aulas à distância (Zoom, MS Teams, Google Meet, …) e de gestão de conteúdos (Moodle, Blackboard, …) e plataformas digitais (Escola Virtual, LeYa Educação,…). Contudo, apenas um pouco mais de metade dos professores referiu estar capacitados para usar as ferramentas de avaliação online.

Figura 3. Em que medida se sente capacitado….

Questões da Assistência

No âmbito do flash event, os professores puderam submeter um conjunto de questões que gostariam de ver respondidas pelos oradores (se não assistiu ao evento ao vivo, pode rever o evento aqui). A figura 4 apresenta a nuvem de palavras construídas a partir das 212 questões colocadas pelos inscritos no evento. As principais preocupações dos professores incidiram sobre a interação dos professores, alunos e escolas, do ensino à distância, e do risco associado às aulas.

Figura 4. Núvem de palavras das 212 questões propostas pelos inscritos no evento aos oradores.

A associação das palavras (bigramas) é apresentada na figura 5. A ordem das palavras das questões revelou mais uma vez as preocupações com as aulas presenciais, o uso de máscara e as condições de segurança. As questões relacionadas com o ensino desenvolveram-se em torno da distância social, das aulas presenciais, à distância e do regime misto, associadas às orientações do ministério. Finalmente, as questões relacionadas com os grupos de risco, e com a interação entre professores e alunos na sala de aula, fazem parte das grandes preocupações dos professores para o novo ano letivo.

Figura 5. Bigrama de palavras obtido das 212 questões da assistência para os oradores.

Em suma…

A larga maioria dos professores é de opinião que as escolas não têm condições para o ensino presencial, ainda assim prefere dar aulas de qualquer tipo, quer sejam presenciais, online ou mistas. Seja qual for o formato, se as infraestruturas existiram, dois em cada três professores gostaria usar as ferramentas do ensino à distância, apesar de 90% ser de opinião que é preciso reformar a formação no uso destas ferramentas.

Notas:

A ficha técnica do estudo está disponível neste link.

A menção a marcas comerciais ou freeware não tem qualquer endosso, explicito ou implicto, do #SomosSolução.

A base de dados para análise e estudo independente está disponível neste link. Qualquer uso destes dados, obriga à referenciação da sua fonte.

João Marôco

João Marôco (Ph.D., Washington State University) é Professor associado com agregação do ISPA – Instituto Universitário, Professor catedrático convidado da NovaSBE, e consultor do Banco Mundial em Avaliação e Estatísticas da Educação. Entre 2014 e 2018 foi vogal do conselho diretivo do IAVE, I. P. onde coordenou os estudos de avaliação em larga escala (PISA, TIMSS, PIRLS, ICILS) e o projeto piloto de e-assessment. Possui mais de 350 artigos de investigação e divulgação publicados em periódicos nacionais e internacionais com revisão por pares e quatro livros sobre Análise Estatística, Equações Estruturais e Psicometria. De acordo com o Google em Académico, os seus trabalhos já foram citados mais de 27.500 vezes (H = 55; i10 = 178).

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