Desde muito cedo que o desafio entre equilíbrio e gravidade, em cima de rodas, me desafiou! Motas e bicicletas entre outros. 

Gosto de veículos com rodas! 

Sendo o filho mais novo de três irmãos, aprender a andar de bicicleta foi uma autoaprendizagem. Não havia tempo para tudo!

Ainda hoje ando nos dois. Mesmo quando estou meses ou anos se lhes tocar.

Aprendi sozinho! Por vezes ganhou a gravidade, mas a resiliência vencia a gravidade e, rapidamente, o equilíbrio venceu e tornou-se mais constante. O gosto pelas rodas levou-me a vencer o desafio da gravidade. Sou teimoso!

Ter ajuda facilitava? Claro que sim! E evitava algumas nódoas negras também!

Como pode esta minha história de vida ser um exemplo pedagógico, no âmbito da educação?

É muito simples! A escola, os professores devem desenvolver atividades que sejam desafiadoras, considerando o gosto de cada aluno (motivações, interesses e capacidades), promovendo a autoaprendizagem (autorregulação). Existe aqui um elemento exclusivo do indivíduo que é a resiliência (a minha teimosia).

Mas falta aqui acrescentar um elemento central e inerente ao processo de aprendizagem – a avaliação.

A propósito da avaliação, recordo aqui uma história que o professor Domingos Fernandes conta sobre o professor Sebastião da Gama. Estava Sebastião da Gama a propor um trabalho aos seus alunos, quando um deles pergunta «É para a avaliação?». A esta pergunta, o professor responde «Não! É para aprender!».

O título deste texto deve-se a esta história.

Ter alguém a ajudar-me a aprender a andar de bicicleta poderia ter levado a que o processo fosse mais rápido e menos doloroso. Sobretudo se me fosse dito o que eu estava a fazer bem (e deveria manter) e o que estava a fazer mal (e como corrigir). Estou a referir-me à avaliação formativa.

Mas, e se esse «instrutor» me atribuísse constantemente, uma nota? Se me classificasse, de acordo com o que eu fazia ao longo desta aprendizagem, de forma constante. Será que aprendia da mesma maneira?

Quero com isto dizer que a avaliação formativa ou avaliação para as aprendizagens é a ação fundamental para a aprendizagem dos nossos alunos. 

É fundamental mobilizar a informação recolhida ao longo do processo de aprendizagem para dar feedback ao aluno. Dizer o que está bem e o que pode ser melhorado.

Então, todas as atividades a desenvolver devem servir o propósito da aprendizagem e não o propósito da avaliação. Recordando a história: «É para avaliar?, pergunta o aluno, «Não, é para aprender!», responde o professor».

Claro que, em contexto escolar, temos de traduzir as aprendizagens realizadas em classificações, quer sejam de final de período, quer sejam de final de ano ou ciclo. É também importante classificar noutros momentos sumativos, claro! Mas mesmo estas classificações podem ser mobilizadas para fins formativos.

Voltando à minha história da bicicleta, quando finalmente aprendi a andar, a autoavaliação do processo (ainda que espontânea) surgiu sob a forma de um pensamento, acompanhado por um elevado nível de satisfação pela conquista: «Viste como consegues? Pegaste no guiador, sentaste-te de forma correta, puseste os pés nos pedais e conseguiste pedalar ao mesmo tempo que te equilibravas. Depois de todos os esforços, cá está! Sabes andar de bicicleta. Agora podes melhorar!». 

E o passo seguinte foi aprender a fazer cavalinhos e derrapagens!

Vitor Bastos

Licenciado em Ensino da Geografia (FLUL);
Mestre em Educação com a especialidade em Tecnologias Digitais (IEUL);
Dissertação de mestrado na área da avaliação (Avaliação Formativa no Projeto iClass);
Professor no Colégio Vasco da Gama;
Microsoft Innovative Educator Expert (MIEE);
Fundador do iClass https://iclasscvg.com/;
Fundador do #somossolução

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