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A presença pedagógica online do professor pode correr o risco de se tornar impessoal com o uso das ferramentas digitais. Sobretudo na modalidade a distância. Isto, caso não se tomem algumas medidas que considero preventivas. 

O que é que nos distingue enquanto professores, educadores, formadores? 

Nós próprios! 

É a nossa presença, a nossa voz, a nossa expressão facial e corporal, a nossa forma de explicar, o nosso humor, a nossa expressão, a nossa forma de vestir. 

E assim se pode gerar empatia com quem nos relacionamos. Tudo coisas que a máquina não substitui, como é claro!

É certo que a tecnologia, digital ou não, facilita alguns processos e procedimentos como a comunicação, a avaliação, a produção de instrumentos para a recolha de informação ou de diversos tipos de feedback, entre outros. Mas a nossa relação com a tecnologia deve ser humanizada e não desligada da sua real intenção, que é a aprendizagem

Pretende-se ter a máquina ao serviço dos humanos e não o inverso, para não cairmos na frieza, na relação impessoal entre os principais intervenientes no processo pedagógico-educativo mediado pelas máquinas e pelas aplicações informáticas – os professores e os alunos.

relação pedagógica é uma relação viva carregada de emoção, sinais e simbolismos. 

Não pretendendo entrar no campo da semiótica, pois certamente existirão estudos de qualidade desta ciência no campo da aprendizagem, a minha opinião é que caberá a cada um de nós a responsabilidade, o dever de «humanizar» o ensino a distância ou remoto de emergência.

Não podemos nem devemos recear o uso das tecnologias digitais. Elas permitem, por um lado, que em períodos de isolamento/confinamento, as funções da escola (socialização e aprendizagem) sejam perenes. Por outro lado, permitem melhores aprendizagens, ao mesmo tempo que facilitam e aliviam o trabalho dos professores. E, neste segundo caso, refiro-me às três modalidades – presencial, mista e a distância.

É aqui que surge @ Arte de SER-Professor em formato digital

Devemos utilizar as tecnologias digitais de modo personalizado e pessoal, «vestindo-as» com o nosso ADN. É desta forma que podemos aliviar um pouco a ausência humana física dos ambientes digitais. 

Dou-vos o seguinte cenário como exemplo. Um aluno abre uma tarefa numa plataforma. Vamos imaginar que seria impossível identificar o professor e a disciplina dessa tarefa. Se, mesmo assim, o aluno diz, «Ah, esta tarefa é do professor Vítor Bastos», é porque existe algo de diferenciador que permitiu que o aluno associasse a tarefa a esse professor. 

Como devem estar a pensar, convém que esta diferenciação seja positiva, por o professor ser inovador e, sobretudo, criativo! 

Recordo alguns trabalhos que solicitei aos alunos, no âmbito da minha disciplina (Geografia), como a construção, com recurso ao Minecraft, de paisagens/ambientes associados à diversidade edafoclimática do planeta. Recordo ainda algo mais simples: pedi aos alunos que fizessem uma síntese de um documento geográfico recorrendo, para isso, a um mapa conceptual (p. ex., Coogle ou Miro). Recordo ainda de pedir a criação de uma prancha (banda desenhada) na qual se explicava um determinado conteúdo geográfico (p. ex., Pixton). Recordo-me de pedir a criação de filmes síntese nos quais os alunos expuseram o percurso dos seus trabalhos, com os pontos fortes e fracos, bem como as dificuldades que tiveram na produção de um trabalho (p. ex., Flipgrid). Recordo, por fim, diversos forms nos quais solicitei que respondessem a várias questões para verificação das aprendizagens.

Reforço, em síntese, que é aqui que o professor pode ser diferenciador-humanizador no uso das tecnologias digitais. 

Não é só o tipo de tarefas que se propõe ou as ferramentas digitais que se escolhem para apoio às atividades e à aprendizagem. É, ao mesmo tempo, aquilo que de nós mesmos(as) colocamos nessas atividades e ferramentas – por exemplo, o layout gráfico e a linguagem utilizada. É essencial personalizar e dar o cunho pessoal.

Por fim considero que n’ @ Arte do SER-Professor em formato digital, é fundamental que o aluno sinta uma rede a ampará-lo. O acompanhamento das atividades com o necessário e inerente feedback será o elemento fundamental para esta humanização da tecnologia. 

Vamos colocar o nosso ADN nas tarefas pedagógicas que propomos aos nossos alunos!

E é esta a @ Arte do SER-Professor em formato digital, um título estranho para algo simples. 

Nota

O título deste artigo, bem como algumas ideias aqui expressas, surgiram de reflexões embebidas da leitura de um livro proposto por António Dias Figueiredo: Zen e a arte da manutenção de motocicletas, de Robert M. Pirsing.  

Vitor Bastos

Licenciado em Ensino da Geografia (FLUL);
Mestre em Educação com a especialidade em Tecnologias Digitais (IEUL);
Dissertação de mestrado na área da avaliação (Avaliação Formativa no Projeto iClass);
Professor no Colégio Vasco da Gama;
Microsoft Innovative Educator Expert (MIEE);
Fundador do iClass https://iclasscvg.com/;
Fundador do #somossolução

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