Desta vez venho-vos contar uma história, uma história recente que engloba duas geraçõesaltruísmo tecnologias digitais.

Estou a lecionar, pela primeira vez, a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e estou a adorar! 

No início do ano letivo, coloquei na cabeça o chapéu pensador do professor Pardal para criar algo que juntasse duas gerações. Os mais novos e os menos novos!

Nessa altura, por coincidência (ou não) em conversa com alguém, apercebi-me do impacto social do encerramento dos centros de dia nos lares de idosos. 

Familiares e amigos que visitavam os utentes internos, e com eles partilhavam horas de conversa, distração, diversão e companhia, viram-se impedidos de o fazer. Por questões de saúde pública associadas à pandemia (COVID-19), esta valência dos lares foi suspensa.

Os lares tornaram-se, assim, verdadeiras ilhas sociais, uma vez que a ausência de contacto físico não permitia a habitual socialização com o exterior.

Mas as tecnologias digitais podem (e devem) vencer esta barreira, pensei eu!

Estava lançada a primeira pedra do projeto – a ideia

A sua articulação com a disciplina de Cidadania e Desenvolvimento já era evidente sem qualquer documento oficial/orientador. 

Contudo, ao olharmos para os documentos oficiais, encontramos todo enquadramento didático-pedagógico associado ao currículo, desde os domínios do 1º grupo (direitos, humanos, saúde, sustentabilidade) aos do 3º grupo (voluntariado), e ainda outros onde se inserem valores como a solidariedade e o altruísmo. 

Mas a grande motivação foi mesmo o aproximar das duas gerações.

«Pensei local» e comecei a desenhar aquilo que veio a ser o projeto «Ser(e) melhor», fazendo uma ponte de relações entre o Colégio Vasco da Gama e o lar de idosos das Glicínias- URPITMA (Meleças).

Falei com o diretor da URPITMA (Dr. Manuel Silvério), que me colocou em contacto com a animadora Daniela Hermenegildo e pusemos mãos à obra. 

A base do projeto consistia na recolha de histórias de vida dos “nossos avós” que, depois de digitalizadas e enviadas para os alunos, seriam reconstruídas sobre a forma de ilustrações em banda desenhada usando, para isso, ferramentas digitais (Pixton). Mas rapidamente o projeto ganhou corpo e quis ser maior. Os alunos escreveram textos sobre a importância da presença dos avós no Natal. Para além destes textos, os alunos criaram vídeos (Flipgrid) completando a frase «Ter avós é…». 

Os alunos voluntariaram-se ainda para oferecer presentes com o mote «Um Natal mais quentinho». Mantas, pantufas, meias, ajudam a aquecer o corpo, mas mais importante foi aquecer o coração destes nossos avós com esta iniciativa, com o contacto entre os alunos e os idosos. 

Tivemos ainda a oferta de livros para a biblioteca do lar e do almoço de Natal.

No dia do almoço, logo a seguir, fizemos uma videoconferência com os utentes do lar e os alunos apresentaram as bandas desenhadas, os textos e os vídeos. 

Para terminar, tivemos a distribuição dos presentes. 

Este é um exemplo de como podemos utilizar as tecnologias digitais para fins pedagógicos e sociais. Os nossos alunos ganharam diversas competências imprescindíveis para serem bons cidadãos, ao mesmo tempo que viveram um projeto de solidariedade e voluntariado. Também foi muito gratificante ver a envolvência de todos os pais/encarregados de educação.

Aprende-se mais e melhor quando se «vive a escola». Sobretudo quando são os alunos, os pais e os professores a vivê-la como uma família!  

Vídeo da atividade aqui.

Vitor Bastos

Licenciado em Ensino da Geografia (FLUL);
Mestre em Educação com a especialidade em Tecnologias Digitais (IEUL);
Dissertação de mestrado na área da avaliação (Avaliação Formativa no Projeto iClass);
Professor no Colégio Vasco da Gama;
Microsoft Innovative Educator Expert (MIEE);
Fundador do iClass https://iclasscvg.com/;
Fundador do #somossolução

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